“Ó Senhor dos Exércitos, feliz é aquele que em ti confia.” Sl 84.12
Um pedido de casamento, um teste de gravidez positivo, uma promoção no emprego, uma nota boa em uma prova, um elogio. É fácil nos alegrarmos com essas coisas, não é mesmo?
O problema é que a vida não é feita somente de momentos bons. Muitas vezes, até o contrário é verdade. Mas alguém que foi aceito e salvo por Cristo não precisa viver direcionado pela inconstância da vida. Nós, os crentes, podemos nos alegrar e confiar mesmo quando as coisas não acontecem do jeito que nós queremos. Isso porque pertencemos ao Deus todo poderoso, soberano e amoroso.
O rei Davi nos ensina no Salmo 22, três formas de nos alegrar, confiando em Deus, mesmo quando as circunstâncias ao nosso redor são difíceis. Vamos iniciar olhando para os dois primeiros versos do Salmo:
Ao mestre de canto, segundo a melodia “Corça da manhã”. Salmo de Davi
1Deus meu, Deus meu,
por que me desamparaste?
Por que se acham longe
de minha salvação
as palavras de meu gemido?
2Deus meu, clamo de dia,
e não me respondes;
também de noite,
porém não tenho sossego.
Nesses primeiros versos, observamos algo que é comum aos momentos de sofrimento, a sensação de que Deus nos abandonou. Davi está passando por angústia, dor e a falta de resposta de Deus às suas orações. Mas nos próximos versos, algo diferente acontece. Vejamos:
3Contudo, tu és santo,
entronizado entre os louvores
de Israel.
4Nossos pais confiaram em ti;
confiaram, e tu os livraste.
5A ti clamaram e escaparam;
confiaram em ti
e não foram envergonhados.
A tristeza de Davi parece amenizar quando ele tira a atenção dos problemas e ocupa a sua mente com os feitos do Senhor no passado. Você reparou?
Por um instante, Davi olha para traz e vê que o povo de Deus confiou e foi assistido, então experimenta uma emoção diferente.
Eu chamo essa mudança de perspectiva de ponto de virada. Ela é muito comum nos Salmos. O ponto de virada é quando o salmista vem demonstrando um tipo de emoção, como a angústia nesses primeiros versos do Salmo 22 e de repente expressa emoções contrárias às anteriores, como faz Davi expressando confiança nos versos de 3 a 5.
Já nos versos de 6 a 8, temos um outro ponto de virada. Agora, Davi sente-se rejeitado e desprezado:
6Mas eu sou verme
e não um ser humano;
afrontado pelos homens
e desprezado pelo povo.
7Todos os que me veem
zombam de mim;
fazem caretas e balançam
a cabeça, dizendo:
8“Confiou no Senhor!
Ele que o livre!
Salve-o, pois nele tem prazer.”
Davi lembra da afronta dos homens contra ele, da maneira que zombam até da sua fé e se abate novamente. Mas no verso 9, vemos outro ponto de virada. Davi agora pensa nos atributos de Deus, ele lembra que Deus é o Criador e Sustentador de sua vida, tendo o formado no ventre de sua mãe, por isso tem todos os dias dele contados. Davi parece se animar mais uma vez e nos mostra a segunda maneira que podemos nos alegrar e confiar diante das lutas: meditando no caráter de Deus.
9Contudo, tu és quem
me fez nascer;
e me preservaste,
estando eu ainda
ao seio de minha mãe.
10A ti me entreguei
desde o meu nascimento;
desde o ventre de minha mãe,
tu és o meu Deus.
Davi agora faz uma súplica, um pedido ao Senhor, reconhecendo que só Deus pode ajudá-lo com tantas lutas:
11Não te distancies de mim,
porque a tribulação está próxima,
e não há quem me ajude.
Em sua súplica, Davi apresenta a Deus as suas lutas. Davi está muito assustado e compara seus inimigos a animais ferozes como touros, leões, cães e búfalos. Ele sente medo, fraqueza, desamparo, cansaço e segue suplicando a Deus por livramento e salvação nos próximos versos:
12Muitos touros me cercam,
fortes touros de Basã me rodeiam.
13Contra mim abrem a boca,
como faz o leão
que despedaça e ruge.
14Derramei-me como água,
e todos os meus ossos
se desconjuntaram;
meu coração fez-se como cera,
derreteu-se dentro de mim.
15Secou-se o meu vigor,
como um caco de barro,
e a língua se me apega
ao céu da boca;
assim, me deitas no pó da morte.
16Cães me cercam;
um bando de malfeitores
me rodeia;
traspassaram-me as mãos e os pés.
17Posso contar
todos os meus ossos;
os meus inimigos
estão olhando para mim
e me encarando.
18Repartem entre si
as minhas roupas
e sobre a minha túnica
lançam sortes.
19Tu, porém, Senhor,
não te afastes de mim;
força minha, apressa-te
em me socorrer.
20Livra a minha alma da espada,
e, das presas do cão, a minha vida.
21Salva-me da boca do leão
e dos chifres dos búfalos;
sim, tu me respondes.
O verso 22 é um novo ponto de virada. Davi parece estar mais animado e até alegre.
Talvez você esteja pensando: “Que homem mais inconstante! Em um minuto está com medo, em outro está alegre, depois fica desesperado novamente!”
Mas será que esse não é um belo retrato da nossa inconstância? Eu penso que sim. Temos alguns momentos de entusiasmo, em seguida lembramos dos problemas e nos abatemos. Essa é a realidade de sermos pecadores, vivendo em um mundo caído. Nossas emoções não são constantes, mas podemos aprender a controla-las, com a esperança verdadeira que vem da Palavra de Deus.
Davi mostra nesse Salmo que quando os nossos pensamentos estão nas lutas, problemas, inimigos, perigos, nós vamos nos abater, sentir medo, fraqueza. Mas quando olhamos para Cristo, podemos nos alegrar e confiar.
Dos versos 22 a 24, Davi louva o Senhor, meditando em seu caráter como Deus que ouve o Seu povo, é Fiel e Socorro presente nas tribulações:
22A meus irmãos declararei
o teu nome;
no meio da congregação
eu te louvarei.
23Louvem o Senhor,
vocês que o temem;
glorifiquem-no, todos vocês,
descendência de Jacó;
temam-no, todos vocês,
posteridade de Israel.
24Porque não desprezou
nem detestou
a dor do aflito,
nem ocultou dele o seu rosto,
mas o ouviu, quando lhe gritou
por socorro.
Davi segue até o final do Salmo, alegre e confiante, mas agora percebemos uma mudança no tempo verbal das frases. Davi agora fala do futuro, apontando para a terceira forma de nos alegrarmos quando as coisas não acontecem do jeito que queremos. Essa forma é a meditação nas promessas de Deus.
Dos versos 25 a 31, Davi experimenta confiança e alegria ao meditar nas coisas que Deus prometeu ao Seu povo:
25De ti vem o meu louvor
na grande congregação;
cumprirei os meus votos
na presença dos que o temem.
26Os sofredores hão de comer
e fartar-se;
louvarão o Senhor
aqueles que o buscam.
Que o coração de vocês
viva para sempre!
27Os confins da terra
se lembrarão do Senhor
e a ele se converterão;
diante dele se prostrarão
todas as famílias das nações.
28Pois do Senhor é o reino,
é ele quem governa as nações.
29Todos os ricos da terra
hão de comer e adorar,
e todos os que descem ao pó
se prostrarão diante dele,
até aquele que não pode
preservar a própria vida.
30A posteridade o servirá,
e se falará do Senhor
à geração vindoura.
31Virão e anunciarão a justiça dele;
ao povo que há de nascer,
contarão que foi ele
quem o fez.
Davi termina o Salmo louvando ao Senhor. Ele começou desanimado, angustiado, sentindo a rejeição e a humilhação enquanto olhava para os seus problemas. Mas finaliza alegre e confiante por meditar em três coisas:
1. Os feitos do Senhor no passado;
2. O caráter imutável de Deus;
3. As promessas de Deus.
Nós podemos nos alegrar e confiar, mesmo diante de grandes lutas, quando olhamos para tudo que Deus já fez; quando pensamos nos atributos de Deus e quando meditamos nas promessas de Deus.
Larissa Ferraro
Agora quero te ajudar com as suas lutas!
Responda as perguntas a seguir:
1. Como você tem se sentido em relação às lutas em sua vida?
2. O que você tem cultivado em sua mente? Você percebe que seus sentimentos seguem os pensamentos que alimenta?
3. Liste três coisas que Deus fez em sua vida no passado.
4. Pense em uma coisa boa que Deus fez ao Seu povo no passado.
5. Liste três características de Deus que te ajudam a confiar e se alegrar. Encontre versículos que falem dessas características.
Escreva dois versículos com promessas de Deus que se aplicam a você hoje. Memorize um desses versos nos próximos di
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